23.8.06

Os filhos imitam os pais

Êxodo 34: 5 - 7

Então o SENHOR desceu na nuvem, permaneceu ali com ele e proclamou o seu nome: o SENHOR. E passou diante de Moisés, proclamando:"SENHOR, SENHOR, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade,a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado; castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais, até a terceira e a quarta gerações".

Porque os pecados dos pais afetam aos seus descendentes até á quarta geração? As crianças sofrem os pecados dos pais por uma simples arbitrariedade?

Estudei Direito na faculdade, sou educador social de profissão e estudioso de educação por vocação, durante mais de dois anos dedico especial atenção a crianças e adolescentes vítimas de abuso e violência sexual.

Após verificar muitas pesquisas percebemos que os abusadores, na maioria das vezes pessoas de confiança da criança, adultos de seu convívio familiar cotidiano (pai; padrasto, tio e até irmãos).

Estes criminosos que abusam sexualmente de crianças, na verdade foram vítimas do seu próprio crime quando crianças (abuso sexual) o abusador reproduz a violência que sofreu na infância, a primeira vez que li o texto bíblico acima me senti bobo, dediquei muitas horas de estudo, participei de palestras, li livros, refleti por horas e estava tudo em êxodo 34: 5-7.

Quando o texto traz “castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais,” não acredito que seja uma ameaça ou maldição, mas nos alerta para algo que a “academia” (universidade) só descobriu recentemente: os filhos seguem os exemplos dos pais, portanto pagam pelos seus pecados se tornando como eles.

Se você é violento, e bate no seu filho provavelmente ele brigue na escola, pois aprendeu com você a resolver as coisas de forma violenta.

Se você for cristão e der um bom exemplo aos teus filhos, eles serão cristãos exemplares pois terão aprendido isto com você.

A bíblia nos traz exemplos de como os filhos seguem os passos e exemplos dos pais, vejamos Gênesis 26: 7 – 11

E, perguntando-lhe, os varões daquele lugar acerca de sua mulher, disse: É minha irmã; porque temia di­zer: É minha mulher; para que porventura (dizia ele) me não matem os varões daquele lugar por amor de Rebeca; porque era formosa à vista.

E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher.

Então, chamou Abimeleque a Isaque e disse: Eis que, na verdade, é tua mulher; como, pois, disses­te: É minha irmã? E disse-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por causa dela.

E disse Abimeleque: Que é isto que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com a tua mulher, e tu terias trazido sobre nós um delito.

Mas onde Isaque aprendeu tal artimanha para se defender, porque ao invés de confiar em Deus ele preferiu mentir? Vejam estamos falando de Isaque, filho da união de Sara e Abraão, o primeiro descendente da promessa de Deus a Abraão, um homem que tem destaque nos planos de Deus, porque este herói bíblico mentiu?

Vamos ler Gênesis 12: 10-19

E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egi­to, para peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra.

E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista;

e será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é a sua mulher. E matar-me-ão a mim e a ti te guarda­rão em vida.

Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti.

E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios a mulher, que era mui formosa. .

E viram-na os príncipes de Faraó e gabaram-na di­ante de Faraó; e foi a mulher tomada para a casa de Faraó.

E fez bem a Abrão por amor dela; e ele teve ove­lhas, e vacas, e jumentos, e servos, e servas, e jumen­tas, e camelos.

Feriu, porém, o SENHOR a Faraó com grandes pra­gas e a sua casa, por causa de Sarai, mulher de Abrão.

Então, chamou Faraó a Abrão e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher?

Por que disseste: É minha irmã? De maneira que a houvera tomado por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.

Vejam que Isaque na realidade simplesmente imitou o que o pai fizera no passado, segui os passos de seu pai Abraão.

Da mesma forma são nossos filhos, os exemplos de nossas ações são maiores que muitas das broncas, conselhos ou sermões que damos aos nossos filhos.

Enquanto escrevia este texto meu filho de 1 ano e 8 meses ficou com fome, pegou minha mão e me levou até a cozinha para fazer mamadeira para ele. Na cozinha uma das gavetas da pia estava aberta (a ultima) ele tentava fechar a gaveta quando eu resolvi ajuda-lo e, com o pé, empurrei a gaveta, meu filho não teve duvida começou a chutar a gaveta para terminar de fechá-la...

Quando brigo com o Piteco, nosso cachorro, o Rafael em seguida vem, com cara de bravo apontando para qualquer lado e gritando: “eto, teco” (quieto Piteco).

O mais interessante é quando nos pegamos fazendo o que nossos pais faziam. Quem de nós nunca disse aos pais, ou pelo menos pensou, “eu nunca vou fazer isso com meu filho”, e agora, como pais, fazemos exatamente à mesma coisa.

“Agora sei que meus pais estavam certos”, é uma frase comum entre os pais “frescos” (que acabaram de ter filhos).

Não acho que descobrimos que nossos pais tinham razão (não estou afirmando que estavam errados) simplesmente estamos repetindo-os.

Tenho três filhos, Mariana que tem doze anos, Vinícios de nove e Rafael que já escrevi sobre ele.

Outro dia me peguei dando uma bronca na Mariana porque ela saiu e não disse onde havia ido, após minha explosão de grosseria lembrei-me de quando meu pai fez exatamente à mesma coisa quando certa vez fui jogar bola e não avisei, eu estava agindo como meu pai. Não que ela estivesse correta, ou que não merecia ser chamada atenção, mas existem várias formas de fazer isso, e eu adotei a errada simplesmente porque meu pai me ensinou desta forma.

Com o Vinícus não é diferente, ás vezes o chamamos e se ele está na frente da televisão... pode chamar que ele não ouve, adivinhem o que faço, grito como meu pai gritava quando eu não o ouvia.

Em nenhum dos dois exemplos eu estava errado, porém a forma com que exerço a minha razão sim, e este “jeito” ou forma foi herdado dos meus pais. E meu pai muitas vezes me advertiu para não agir como ele e minha mãe com meus filhos, mas o exemplo, a atitude é mais forte.

Mas isso não é uma maldição, não é um castigo por nossos pecados, Jesus já pagou todos os preços por nossos pecados. Se não é um castigo de Deus, então podemos mudar, basta algum esforço.

Lembro-me de ver recentemente na TV uma propaganda de uma igreja evangélica que já critiquei muito, e ainda tenho algumas criticas, mas que traz de forma simples a questão:

Uma mulher voltando do trabalho vê o filho em uma roda de amigos que ela não gostava, ela grita, manda o filho voltar para casa, ameaça, o filho sai com o rosto enraivecido como que gritando que logo voltaria.

Depois o vídeo se repete, só que em vez de gritar a mulher com ma cordialidade de mordomo inglês diz: Filho vamos para casa conversar? E o filho sai como que um anjo.... como o próprio filho pródigo.

È claro que na vida real as coisas são um pouco mais difíceis mas não impossíveis, principalmente para nós cristãos que temos por principio o amor e o perdão como caminhos para salvação.